Ciclo de vida infinito: Como a indústria do vidro de embalagem é uma solução para o futuro?
Alguma vez teve a oportunidade de ver uma garrafa de vidro a ser produzida? Envolve uma alquimia de ingredientes e arte, envolve formar e esculpir uma nova vida – tudo em frente às chamas que dançam no forno.
Apesar de ter por base apenas três ingredientes – areia, soda e calcário, para além do vidro reciclado denominado de “casco” – não se pode aprender a arte de produzir vidro a partir de um livro. Mesmo com as máquinas modernas, é necessário instinto para perceber a forma como estes ingredientes se misturam para dar forma ao vidro.
Alguém que trabalha há anos com o vidro consegue “pressentir” quando algo não está bem, ou notar uma leve diferença no som da máquina antes de resultar em imperfeições.
“A sustentabilidade influencia tudo.”
Atualmente, a sustentabilidade orienta tudo o que é feito, seja o planeamento de redimensionamento dos fornos, as preocupações permanentes com a sua eficiência energética, o aumento da quantidade do vidro reciclado (casco) para poupar energia, emissões carbónicas e matérias-primas naturais, ou a transição para fontes de energias renováveis.
A indústria tem promovido várias iniciativas para reforçar a sustentabilidade das embalagens de vidro, desde campanhas dirigidas ao canal Horeca para facilitar a recolha das embalagens usadas, a campanhas de sensibilização para a reciclagem correta. Acredita-se que muitas pessoas não percebem o próprio impacto que têm quando colocam o vidro no vidrão ou num ponto de recolha seletiva, e é a última vez que pensam nisso. Talvez acreditem que este é automaticamente separado e tratado, mas se cada local de deposição seletiva contém algo que não deveria estar presente, como loiças ou pirex, isso torna-se um pesadelo para a indústria vidreira.
Reciclar mais vidro diariamente, e certificar-se que isso é feito de maneira correta é um gesto muito simples, mas com um forte impacto para preservar os recursos naturais.
E vendo pelo lado positivo, uma caminhada até um ecoponto é uma boa desculpa para sair de casa!
“Não existem dois dias iguais.”
Nem a tecnologia consegue controlar tudo. Quando uma embalagem não está a ser produzida com qualidade é preciso rastrear o problema nas máquinas, no forno, e até mesmo nas próprias matérias-primas para se encontrar a solução. Pode simplesmente dever-se a uma ligeira diferença na temperatura ambiente, ou à existência de uns gramas a mais ou a menos de areia.
Qualquer uma destas possibilidades pode resultar num tipo de vidro fora do esperado. É um desafio, mas é também o que faz com que muitos fiquem ligados à indústria por tanto tempo.
Muitos não percebem o quão antigo o vidro é, desde as guildas medievais secretas de vidro Murano, em Veneza, até à descoberta pelos romanos, da arte do “sopro de vidro”. Tão pouco se sabe o quanto a produção do vidro tem definido o património local.
Atualmente, com a evolução tecnológica existe a necessidade de introduzir sangue novo na indústria do vidro, caso contrário perder-se-ia muita capacidade. É muito difícil aprender sobre esta arte sem contacto direto. Por esse motivo está-se a aproveitar a última tecnologia para treinar a nova geração de profissionais, incluindo equipamentos de realidade virtual que recriam uma de fábrica em 3D.
Trata-se de um programa pioneiro que ajuda na interação segura com as máquinas, de forma a experienciar o que acontece ao ver o vidro fundido a entrar no molde e ver sair a embalagem do outro lado – algo que previamente poderia demorar semanas a compreender.