Junte-se a nós numa jornada pelo tempo para desvelas história ancestral tecida pela industria da produção de vidro
Quando foi inventado o vidro?
Descubra asorigens fascinantes do fabrico do vidro, remontantes às antigas civilizações da Mesopotâmia e do Egipto, cerca de 4000 a.C. Desde vasos decorados a complexos artefactos religiosos, a milenar arte do vidro diz muito sobre o engenho e a habilidade dos nossos antepassados. Assim, quem o inventou, realmente?
Desvendando as origens – de volta aos anos 4000 a.C.
A história começa em 4000 a.C., período em que os arqueólogos encontraram os primeiros indícios históricos de vidro fabricado pelo Homem, embora só por volta de 1500 a.C. tenham sido fabricados os primeiros recipientes ocos – cobrindo um núcleo de areia com uma camada de vidro fundido, para que a suaforma permitisse o armazenamento de produtos. Técnicas criativas usadas pelos primeiros artesãos, onde se incluem a moldagem de núcleos e o trabalho em mosaicos, estabeleceram as bases para expandir a produção. Os romanos revolucionaram a produção de vidro com a invenção da técnica do sopro de vidro, no século I a.C, expandindo o uso de vasos.
O azeite é um excelente exemplo de como o fabrico de vidro e a história cultural se conjugam. Desde a Grécia Antiga à Europa atual, as embalagens têm sido sempre um elemento-chave da produção e do consumo de azeite. À medida que a influência da Grécia se expandia pela Europa, também as exportações de azeite aumentavam. Inicialmente armazenado em elegantes ânforas, o azeite requeria uma nova embalagem, mais adequada para transporte. Os garrafões de vidro, robustos e higiénicos, provaram ser a escolha perfeita.
As decorações são o centro das atenções na Idade de Ouro islâmica
Durante a Idade de Ouro Islâmica, que decorrida do século VIII ao século XIII, a arte do vidro floresceu, particularmente em regiões como Síria, Egipto e Pérsia. Os artesãos islâmicos aperfeiçoaram as suas técnicas e introduziram estilos decorativos complexos, como o lustre e o esmalte. Estes designs combinavam a inspiração dos métodos romanos com os ingredientes locais encontrados na natureza, e incluíam cores vivas e delicados elementos em esmalte e ouro.
A mestria do vidro veneziano – o período do Renascimento
Em Itália, Veneza emergiu como um dos principais centros de produção de vidro a partir do século XIII, devido ao seu papel central no comércio na Europa, no Médio Oriente e na Ásia. Os artesãos venezianos aperfeiçoaram técnicas como a produção de cristallo (vidro transparente) e o trabalho em vidro filigranado, estabelecendo Veneza como centro de inovação artística e tecnológica. Clientes ricos, como o Rei Louis XIV de França e a Rainha Elisabeth I de Inglaterra, encomendavam aos fabricantes de vidro peças elaboradas e decorativas, tanto para fins práticos como ornamentais, o que impulsionou ainda mais o crescimento da indústria. No início dos anos 1600, a arte veneziana já conquistara reputação mundial – embora as autoridades venezianas tenham mantido o processo em segredo durante a maior parte da sua história.
As origens do fabrico industrial de vidro – da descoberta revolucionária de Appert aos avanços da Revolução Industrial
De seguida, a descoberta de Nicolas Appert sobre a conservação de molhos em vidro marcou um momento crucial na história da conservação de alimentos. Em 1809, Appert desenvolveu um método revolucionário para selar alimentos em frascos e submetê-los ao calor, esterilizando eficazmente o conteúdo e evitando a deterioração. As embalagens seladas proporcionavam um ambiente hermético que impedia o crescimento de microrganismos, de modo que alimentos perecíveis, como os molhos, podiam ser preservados durante longos períodos sem refrigeração. A técnica inovadora de Appert não só transformou a indústria alimentar, ao permitir o armazenamento e o transporte a longo prazo de produtos perecíveis, como também lançou as bases para os métodos modernos de conservação de alimentos, incluindo a pasteurização.
A próxima grande inovação histórica aconteceu na Grã-Bretanha durante a Revolução Industrial, quando em 1886, Howard Ashley de Castleford, Yorkshire, criou uma máquina semiautomática capaz de produzir 200 garrafas por hora, um feito extraordinário que triplicou a velocidade de produção na sua fábrica. A inovação não se ficaria por aqui, já que vinte anos mais tarde, em 1903, Michael Owens, de Illinois, EUA, criaria uma máquina totalmente automatizada capaz de produzir 2500 garrafas por hora – um feito até então inimaginável. Desde a invenção do fabrico industrial de vidro, os avanços por detrás das garrafas e frascos das nossas bebidas, molhose conservas favoritas não têm parado, chegando aos lares de milhares de milhões de pessoas.
Celebrar História e a inovação no Ano Internacional do Vidro
Pela antiguidade deste material de um rico património cultural, as embalagens de vidro desempenham um papel central na nossa sociedade há milhares de anos e continuam a ser versáteis, recicláveis e continuamente inovadoas. Por isso – para celebrar os seus extraordinários benefícios, tanto para as empresas como para os consumidores – 2022 foi oficialmente declarado pela ONU como o Ano Internacional do Vidro.
Rumo ao futuro! Como será o futuro do vidro?
Nas últimas décadas, a produção tem continuado a evoluir com os avanços na ciência e tecnologia dos materiais, que visam tornar as embalagens de vidro mais fortes e reduzir o impacto ambiental da sua produção. Inovações recentes, como fornos híbridos que utilizam mais energia renovável e embalagens mais leves e robustas, estão a surgir paracontinuar a providenciar-nos as embalagens fiáveis que gostamos, por muito tempo no futuro. Novas organizações, como a Association for History of Glass (Reino Unido), museus como o Corning Museum of Glass (Estados Unidos da América) e o Glasmuseum Hentrich (Alemanha), e grupos académicos de investigação como a International Commission on Glass, têm emergido para continuar a documentar, estudar e preservar a história e o património cultural do vidro, para que o seu legado de fabrico perdure ppelas gerações vindouras.